No palco grandioso da história da Igreja Católica, poucos líderes deixaram uma marca tão profunda e controversa quanto o Papa Francisco. Sua trajetória, marcada por humildade e coragem, revelou uma orientação que buscou renovar os alicerces de uma instituição milenar, enquanto navegava entre tradições e os desafios do mundo contemporâneo. Jorge Mario Bergoglio, conhecido mundialmente como Francisco, não foi apenas um pontífice; foi uma voz que ecoou, uma esperança de transformação social, de inclusão e de misericórdia.
Desde suas primeiras palavras, o Papa deixou claro que seu mandato não se centraria na manutenção de dogmas rígidos, mas na construção de uma Igreja mais próxima, mais humana. Essa orientação se manifestou na prioridade dada aos pobres, aos marginalizados, na defesa do meio ambiente e na busca por um diálogo inter-religioso que ultrapassasse fronteiras e preconceitos. Para ele, a fé deveria ser uma ação concreta, uma ponte de amor que unisse os mais diversos setores da sociedade.
Essa postura não foi isenta de controvérsia. Enquanto alguns viram em sua abordagem uma necessidade de atualização, outros criticaram o que perceberam como uma suavização de posições tradicionais. Contudo, o que marcou seu legado foi sua coragem de confrontar velhos tabus, de colocar a misericórdia acima da moralidade e de promover uma Igreja que não temia se posicionar diante das injustiças do mundo. Sua orientação foi, portanto, uma visão de justiça social, preocupação ecológica e inclusão, desafiando os limites do convencional.
Ao longo de seus anos no papado, Francisco reforçou seu compromisso com temas como a crise climática, a crise migratória, os direitos humanos e a desigualdade econômica. Seus discursos e ações refletem uma visão de mundo onde a solidariedade não era uma opção, mas uma necessidade premente. Em sua encíclica Laudato Si’, por exemplo, ele fez um chamado à responsabilidade coletiva com o planeta, colocando o cuidado com a criação como uma missão de toda a humanidade.
No campo social, sua postura foi marcada por uma tentativa de romper com os preconceitos históricos da Igreja, acolhendo pessoas de opção sexual não binária, criticando o consumo excessivo e promovendo uma visão mais compassiva das relações humanas. Essa orientação de abertura, embora tenha enfrentado resistência interna, reafirmou seu compromisso de que a Igreja deveria ser um refúgio de esperança e não de exclusão.
O legado de Francisco, portanto, foi uma síntese de coragem e compaixão. Sua linha de atuação, que misturou preocupação social, ambiental e humanitária, indicava para uma Igreja que queria ser relógio do mundo, ajustando-se às suas dores e esperanças. Em tempos de crises globais, sua voz ressoou como um convite à reflexão, à mudança e à ação. Uma esperança de que, mesmo diante de um cenário controverso, a misericórdia possa prevalecer.
Ao nos despedirmos de Francisco, fica a saudade de um líder que ousou transformar a Igreja e o mundo, deixando um legado de esperança e de luta por um planeta mais justo e fraterno.
FINAIS
Projeto de Lei em tramitação no Congresso Nacional, que objetiva ajustes no Código Eleitoral brasileiro, traz mudanças significativas na estrutura e no funcionamento dos partidos políticos no país. Dentre as mudanças está a elevação do número mínimo de assinaturas para a criação de novas siglas. De acordo com a proposta, o limite passará de 0,5% para 1,5% dos votos válidos na última eleição da Câmara dos Deputados, o que equivale a aproximadamente 1,5 milhão de assinaturas. Neste sentido, se observa a preocupação do Congresso em dificultar a criação de novos partidos, que hoje já chegam a quase 40. Outra alteração está ligada as federações partidárias. Caso um partido que a compõe não permaneça nela, o mesmo sofrerá penalidades, que vão desde a perda de inserções radiofônicas, até a diminuição dos recursos do fundo partidário e eleitoral.
Outra novidade importante se refere à mudança na regra de filiação partidária durante a chamada “janela partidária”. O projeto prevê que, se o partido ao qual o político é filiado emitir uma carta de anuência, a troca de partido não implicará punições, como a perda do mandato. Entretanto, o estatuto de cada legenda poderá estabelecer regras diferentes para essa situação, conferindo maior autonomia às siglas. Por fim, o projeto amplia a competência da Justiça Eleitoral para julgar conflitos intrapartidários, incluindo disputas entre filiados e órgãos internos, mesmo que esses conflitos não afetem diretamente a eleição. Em princípio, essa busca de mudança conferirá maior celeridade e autonomia às decisões internas dos partidos, fortalecendo a democracia interna e a estabilidade das legendas.