Que o terceiro governo do presidente Lula da Silva (PT) não é lá estas coisas, todo mundo sabe. O que não era esperado, no entanto, é que ele começasse a derreter tão cedo. Nesta semana, por exemplo, um fato nunca visto antes na história deste país deixou os corredores de Brasília de orelhas em pé: um deputado federal se recusou a assumir o Ministério das Comunicações, um dos cargos de primeiro escalão mais desejados da Capital Federal. O deputado em voga foi Pedro Lucas, do União Brasil do Amazonas, que depois de cozinhar o governo por mais de uma semana declinou da oferta do Palácio do Planalto.
O fato de o deputado não ter assumido o Ministério não é uma causa, mas sim uma consequência do derretimento da gestão do presidente Lula, que depois de mais de dois anos de governo simplesmente não disse ainda a que veio.
Lula tem governado o país através de penduricalhos econômicos. Uma hora facilita os empréstimos consignados, noutra hora renegocia dívidas dos brasileiros através do Programa Desenrola Brasil, mais adiante adiciona R$ 150,00 por criança, além dos R$ 600,00 do Bolsa Família, para os beneficiários do programa, e assim por diante. Trata-se de um remendo atrás do outro na esperança de manter sua popularidade, o que, diga-se de passagem, não está dando certo.
A grande verdade é que o PT envelheceu. O partido continua acreditando que o cidadão comum não consegue se valer por si próprio e que, por conta disto, precisa ser continuamente alimentando pela máquina estatal. Mesma máquina estatal que, pela lógica, deveria repassar a responsabilidade do equilíbrio social para a iniciativa privada, afinal de contas, salvo ledo engano, é através do emprego que se gera renda, mesma renda que lubrifica o sistema econômico, aquecendo a máquina produtiva, e gerando mais postos de trabalho, que por sua vez gerarão mais riqueza e mais renda. O interessante da história é que esta regrinha básica não foi assimilada pela esquerda brasileira. A esquerda da China, por exemplo, compreendeu perfeitamente como o sistema econômico e social funciona, e hoje o país é a segunda potência econômica do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Por aqui, no entanto, ao invés de incentivar a produção, o Governo Federal se esforça o máximo possível para que a iniciativa privada não se dê bem. Neste sentido, distribuí caminhões e mais caminhões de dinheiro para os menos favorecidos, engessando a mão de obra do mercado, ao mesmo tempo em que onera o setor produtivo, que não se vê motivado em empreender, por conta das altas cargas tributárias. O resultado desta receita desastrosa é o que estamos vendo aí: uma economia estagnada, um país sem obras, empresas sem mão de obra, e os índices inflacionários querendo transbordar o balde.
Não à toa Pedro Lucas rechaçou o Ministério que lhe foi oferecido. Ele e seu partido já perceberam que o atual governo Lula está indo de mal a pior. O mais interessante é que o PT também já percebeu, mas, mesmo assim, não faz nada para mudar esta desgastante situação, que já não é mais só do governo, mas de todos os brasileiros.
FINAIS
Ontem, o governador Jorginho Mello (PL) apresentou ao ministro dos Transportes, Renan Filho, em Brasília, um projeto de contorno rodoviário na região do Morro dos Cavalos, objetivando, por fim, ao dilema daquele trecho da BR-101. A iniciativa, desenvolvida pelo Governo de Santa Catarina em parceria com a Assembleia Legislativa, foi oficialmente recebida pelo Ministério e passada para a análise técnica. Caso seja confirmado como a melhor solução para a área, o contorno substituiria o projeto de construção de um túnel no Morro dos Cavalos, que, além de extremamente caro, também não seria finalizado em menos de cinco anos. Jorginho Mello destacou a receptividade da proposta pelo Ministério dos Transportes, ressaltando o progresso na busca por uma solução definitiva para aquele trecho da 101.
O projeto do contorno prevê a criação de uma pista binário de 5,2 km, que incluirá obras como uma ponte sobre o Rio Maciambú, um viaduto sobre a BR-101 e a reformulação da pista existente. A nova via seria projetada para suportar uma velocidade de até 80 km/h. O investimento estimado é de aproximadamente R$ 290 milhões, bem abaixo do R$ 1,5 bilhão exigidos pela obra de um túnel. A proposta será agora submetida à análise do Ministério dos Transportes e também do Tribunal de Contas da União. Caso seja aprovada, o governo catarinense desenvolverá o projeto e tentará viabilizar, junto ao Governo Federal, os recursos necessários para sua execução. Ainda que seja uma obra de responsabilidade federal, muito provavelmente ela só sairá do papel se o Governo do Estado aportar os recursos necessários.